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N° 7 |
O veiculo cortou velozmente o céu da manhã, voando a poucos metros da água para despistar a detecção dos radares inimigos . O propulsor, em força total, empurrava o Veículo de Nº 7 como uma flecha em direção ao alvo.
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Maquinista Cruxi |
Em sua desconfortável poltrona de controle o maquinista Cruxi alternava o olhar entre o pequeno monitor na sua frente e o grande painel um pouco atras. O primeiro dava informações gerais sobre o veículo - integridade da estrutura, temperatura do casco e dos motores, etc - enquanto o segundo indicava o estado do núcleo, o coração da nave e de onde toda a energia era gerada. De vez em quando o maquinista lançava olhares desalentados para um console próximo de suas pernas, onde repousava um livro de capa mole. Tão logo deixassem a 'zona quente', o local onde estavam mais expostos a ataques, a velocidade seria diminuída para 1/4 e ele poderia ler seu livro enquanto o auxiliar automático controlaria o monitoramento do veiculo.
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Capitão Gantritor |
Na parte da frente do veículo, o capitão checou mais uma vez os sensores. Aquela era apenas mais uma missão idiota - pensava ele - na qual podiam ser abatidos como patos antes mesmo de saberem porque haviam decolado. Receberiam suas instruções especificas, como preconizava o regulamento, quando saíssem da zona quente. Isso acontecia para evitar que, em caso de uma provável abordagem inimiga, as informações fossem roubadas pelos comandantes inimigos. O capitão Gantritor achava que essa era só uma desculpa. as instruções eram dadas tardiamente porque boa parte delas era para missões inúteis - transporte de carga e.de.passageiros, fotos de locais inabitados e distantes... a guerra se arrastava e os combates reais eram raros. Os dois lados preferiam optar pela covardia do ataque de guerrilha: pequenos veículos atacando comboios para saquear cargas, ataques em pequena escala feitos por duas ou três naves. Não havia mais honra na batalha.
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Piloto Wedge |
Ao seu lado o piloto Wedge estava satisfeito por seu visor cobrir uma boa parte de seu rosto. O velho capitão de vez em quando resmungava palavrões e xingava baixo, fazendo com que um sorriso brotasse no seu rosto. Já o conhecia o suficiente para saber que ele remoía seu ódio contra os figurões no poder. O próprio capitão já havia sido um deles, mas seu mau temperamento o fez se afastar de todos os aliados e, depois de esmurrar um coronel durante uma operação, acabou rebaixado. Pelo menos, era a história que contavam nas fileiras mais baixas. Em todo caso era bom ver que mesmo figurões ou ex-figurões odiavam as ideias absurdas do comando.
Já voavam a cerca de 45 minutos quando o alerta sonoro do painel começou a soar, indicando que estavam prestes a deixar a zona quente.
- Maquinista, diminuir força para 1/4 - disse o capitão pelo comunicador. Um som de chiado indicou que a mensagem foi recebida.
Assim que a nave diminui, o capitão colocou seu comunicador individual com fone e microfone. utilizou seu código de acesso por voz para acessar o sistema e ouviu atentamente.
Depois de dois ou três minutos, o capitão retirou os fones com um suspiro fundo e disse ao piloto:
-Marque curso para noroeste sul. Serviço de táxi de novo. Vamos até a estação médica perto de Antares. Traremos uma cientista para cá.
- Mais uma missão tranquila, senhor? - perguntou o piloto.
- Sim, garoto. Infelizmente. Maquinista, força total.
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