quinta-feira, 7 de junho de 2018

Continuando a Jornada

Apesar do horário, o trânsito fluía normalmente. Depois de passarem na lanchonete, a viagem prosseguiu normalmente.

GPS - Permaneça em Avenida Brasil, depois siga em direção à entrada da Serra. Curva suave à esquerda.

Graúna - Não da pra desligar isso por enquanto? Eu sei o caminho... Até certo ponto.

Carlão - Eu acho tão reconfortante a voz dessa moça do GPS...

Serena - Mas se o Graúna sabe o caminho...

Carlão desligou o aparelho.

Carlão - Querem ouvir música então?

Oscar conhecia bem o gosto musical do amigo. Variava de Polka Polonesa à Funk Universitário. Então, fechou seu jornal e perguntou, para distraí-lo da ideia:

Oscar - Otávio mandou fotos dessa tal casa?

Carlão - Ele ficou de mandar, mas como eu já ia lá hoje mesmo, nem fiz muita questão.

Serena - Construção nova ou antiga?

Carlão - Bem antiga. É grande. Quase um mausoléu.

Graúna - Credo.

Serena - É modo de falar, Graúna.

Graúna - Eu sei. Mas é bem mórbido... 

Oscar - Otávio vai te encontrar lá? Ele poderia ter vindo conosco...

Serena - Ia ficar apertado...

Oscar - Serena, tem espaço o suficiente aqui pra mais um.
Serena - Não tem não...

Oscar - Enfim.

Carlão - Ah, eu até perguntei, mas ele preferiu ir naquele carro antigo dele. 

Graúna - Bom, mesmo sendo antigo, deve ser melhor do que esse bugre...

Carlão - Ah, Graúna... O bugre é o carro perfeito para terrenos acidentados. E vamos pegar uma boa estrada de terra.

Serena - Só espero que não chova.

Carlão - Tem a capa. É só parar, colocar e está tudo resolvido.

Graúna - Mas mesmo assim... Sei lá... Me sinto meio... Exposto.

Carlão - Relaxa, cara! Está um dia tão agradável. Temos a capa. Só sinta o vendo nos cabelos... E curte esse som.

Apertou o CD player e começaram a ouvir... Polka Finlandesa.


quarta-feira, 6 de junho de 2018

A estrada sinistra

A estrada de terra se estendia por quilômetros.

Carlão - Vai com calma, Graúna. Não quero ficar atolado nessa buraqueira.

Graúna - isola

Carlão - É isso mesmo? Os dois aí atrás dormiram?

Oscar - Só a serena, meu velho. Estou aqui terminando de ler meu jornal.

Carlão - Eu entendo ela. Nesse friozinho é bom.

Graúna - Friozinho? Esse lugar está congelando. Que tal pararmos pra colocar a capa?

Oscar - Quer parar mesmo aqui?

Graúna lançou um rápido olhar para fora. Dos dois lados da estrada crescia um mato alto e fechado. Não dava pra saber o que poderia estar escondido ali.

Graúna - Melhor não... Não dá pra saber se tem alguém escondido ali...

Carlao - Alguém.. ou alguma coisa.

Carlão deu uma sonora gargalhada.

Oscar - Para com isso, Carlão. Graúna, melhor continuar até o próximo bar ou posto de gasolina. Lá vamos poder fazer isso com calma. Parar aqui no meio do nada, sem uma luz pra ajudar, não é uma boa ideia mesmo.

Graúna - Sorte ter a voz da sabedoria conosco. Se dependesse desse fanfarrão aí...

Carlão - Desculpa, cara. Foi só uma brincadeira pra quebrar a tensão. Relaxa. Quando acharmos um restaurante, te pago um hambúrguer!

Graúna - Dois. Te aturar é trabalho pesado.

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Olavo

Ex-vendedor de sapatos, eletrodomésticos, material de construção, gêneros alimentícios, fraldas, ferragens, etc etc etc, Olavo já teve mais empregos do que ex-esposas.

Atualmente ele é corretor de imóveis. É só um bico até ele conseguir abrir seu próprio negócio, uma vendinha de doces e pipas, provavelmente o único campo de atuação que permanece intocado por sua CTPS - Carteira de Trabalho e Previdência Social.

Começa o passeio.

Carlão precisava ver sua nova futura aquisição: uma casa que ficava nos limites da cidade, em uma região isolada e desolada. Claro que Carlão não ia sozinho. Seu parceiro de furada contumaz, Oscar, estava pronto pra ir.

Mas... Oscar precisava retribuir alguns favores... Principalmente com sua querida sobrinha Serena, que vivia metendo o coitado em furadas.

O carro de Carlão estava no conserto, então precisava de uma carona. Serena sugeriu que Graúna. Graúna não tinha nada pra fazer mesmo, então foi.

Graúna - Todos prontos aí atrás?

Serena - Por mim, sim. Conseguiu se vingar, né, tio?

Oscar - Não é pior do que os lugares pra onde você me arrasta, Serena. Pelo menos não vai ter música berrando no meu ouvido ou parentes chatos querendo falar de futebol.

Carlão - Vou programar o GPS pra nós guiar, Graúna. Só vou programar uma pequena parada na lanchonete, só pro caso de pegarmos muito trânsito no caminho.

Serena - Mas o senhor não acha que estamos indo muito tarde, seu Carlão?

Carlão - É que o Olavo só podia nos mostrar a casa hoje, depois das 16h.

Oscar - Olavo? Não acredito que ele é o seu corretor...

Carlão - Pra você ver. Na pior das hipóteses, se seu irmão tentar me enganar ou me vender uma propriedade por um preço muito acima do que ela vale, você dá um cascudo nele por mim.

Graúna - Coloquem os cintos, por favor. Co-piloto, ligar GPS.

Carlão - Agora mesmo, capitão!

Carlão

Bonachão, despreocupado e dono das piores piadas do planeta. Carlão não coloca p*rra nenhuma na cabeça. Provavelmente vai viver até 200 anos.

Ou não.

Seu maior vício são as guloseimas. Carlão não resiste a nada cheio de açúcar ou gordura.

Herdeiro de uma grande fortuna, Carlão passou a investir seu dinheiro em imóveis. Mas sempre pede ajuda a seu velho amigo dos tempos de faculdade, o bem informado Oscar.

Tio Oscar

Bancário aposentado, Oscar só quer aproveitar o resto de sua vida lendo seu jornal e descansando.

Mas nem tudo é como planejamos.

Sua sobrinha Serena, preocupada pela solidão de seu tio, vive metendo o coitado em enrascadas. Passeios, excursões, festas...

Tio Oscar é o cara mais bem informado do grupo. Além dos vários jornais que ele lê, sempre tem um livro de bolso... No bolso. Antes de ser bancário, ele foi professor de história e diretor de uma escola. Sua mente prodigiosa o faz lembrar de datas e fatos... Ou seja, nunca pegue dinheiro emprestado com ele.

Oscar é um cético por natureza. Dificilmente ele houve uma história sobrenatural sem apontar todos os furos da história como a explicação lógica para aquilo.